A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dores nos músculos e tecidos conectivos fibrosos (tendões e ligamentos) com pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas (WOLFE, et al 1990). As causas ainda não estão totalmente esclarecidas, entretanto, recentes evidências cientificas sugerem que alterações no metabolismo e na regulação de determinadas substâncias do Sistema Nervoso Central (serotonina, noradrenalina, e substância P) podem contribuir para o seu desenvolvimento. (LAWRENCE e LEVENTHAL 1999).
A origem da fibromialgia está associada a fatores genéticos, neuroendócrinos e psicológicos (MOLDOFSKY, 1989), além de várias outras manifestações que acompanham seu diagnóstico, tais como (WOLFE, 1986; DINERMAN, GOLDENBERG, FELSON, 1986):
- Distúrbios do sono;
- Síndrome do colón irritável (problema digestivo cólica abdominal);
- Cefaléia (dores de cabeça 50% dos casos);
- Fenômeno de Raynaud (20 e 35% - diminuição do fluxo sanguíneo para alguns tecidos ou órgãos);
- Fadiga muscular;
- Ansiedade;
- Depressão (25%);
- Parestesia (expressa por um formigamento);
- Estresse;
- Rigidez muscular ao acordar entre outras menos freqüentes.
Esta síndrome atinge de 1 a 5% da população, em geral (WOLFE & CATHEY, 1983) 73 - 88% dos casos são diagnosticados em mulheres com 29 a 37 anos de idade (início), sendo confirmados, entre 34 e 57 (WOLFE et al, 1990 ). No Brasil não existem dados oficiais, porém estima-se que mais de 5% da população tenha probabilidade de desenvolve-la.
Em 1990 O Colégio Americano de Reumatologia propôs que focos de dor difusa (forte e persistente) fossem usados como critérios diagnósticos, podendo ser identificados em 18 pontos bilaterais do corpo, dentre os quais pelo menos 11 devem ser detectados por digitopressão de 4 kg/cm2, para que seja caracterizada a fibromialgia (WOLFE et al, 1990). Entretanto, SMYTHE, BUSKILA e GLADMAN (1992) sugerem que pacientes com menos de 11 pontos dolorosos também poderiam ser considerados fibromiálgicos desde que outros sintomas e sinais estivessem presentes.
Para realizar o exame dos pontos, deve-se manter o paciente sentado sobre uma mesa apropriada, na qual o avaliador realiza o teste questionando sobre a sensação dolorosa de cada ponto padronizado, um por vez, bilateralmente e de cima para baixo (WOLFE et al., 1990 ).
Pontos padronizados de dor :
- Trapézio;
- Segunda Condrocostal;
- Epicôndilo Lateral;
- Joelho;
- Suboccipital;
- Cervical;
- Supraespinhal;
- Glúteo;
- Trocanter.
Tratamento
O objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Para isso, são usados farmacológicos e outras terapias como: suplementação de vitaminas, repouso, exercícios, acupuntura, hipnose e preces (RICHARDS e CLEARE, 2000).
Analgésico e antiinflamatórios são comumente prescritos para o controle da dor, porém a eficiência não é significativamente efetiva, principalmente em longo prazo (RICHARDS e CLEARE, 2000) .
Os antidepressivos, em baixas doses, são recomendados para melhorar a qualidade do sono, fadiga ao acordar e diminuição dos pontos dolosos (CARETTE et al, 1986).
O uso de hipnóticos é outra terapia recomendada, por atuar na melhora do sono e na fadiga diurna, porém não se mostrou eficiente na redução da dor (MOLDOFSKY et al).
Algumas práticas devem ser especialmente evitadas por portadores de fibromilagia, como tabagismo e o alcoolismo. Pesquisas revelam que pacientes ao deixaram tais hábitos conseguiram melhorar a qualidade do sono, a sensação de dor difusa, intestino irritável e cefaléia.
Exercícios
Os portadores de fibromialgia demonstram uma boa aderência aos exercícios, sendo até mais assíduos e persistentes que indivíduos em tratamento para o controle do estresse (WINGERS; STILES e VOGEL; 1996).
Uma pesquisa feita por MAQUET et al em 2002, comparou a performance muscular de mulheres com fibromialgia e mulheres saudáveis. Os teste realizados foram: força isométrica máxima dos músculos extensores e flexores do joelho, força de pressão manual, resistência à fadiga muscular e estática durante manutenção da postura. Em todos os testes as mulheres com a síndrome apresentaram valores inferiores ao grupo controle: 39% a menos para força muscular, 40% para resistência de fadiga, e 81% para resistência estática. Uma observação, todas as mulheres da amostra praticavam, no máximo, atividades recreativas.
Apesar da probabilidade das pacientes com fibromialgia apresentarem uma menor performance muscular, os exercícios são extremamente benéficos para aptidão física, aspectos psicosociais e simatologia (KARPER e STASIK 2003). No tocante ao tempo e magnitude das adaptações neuromusculares (área de secção transversa do músculo, níveis de força máxima, e concentrações hormonais), mulheres com fibromialgia, demonstram resultados praticamente iguais a mulheres saudáveis depois de realizarem um treinamento de força (HAKKINEN 2002).
Há uma preocupação excessiva em relação ao agravamento do quadro com a realização de exercícios, porém estudos demonstram que não há reações adversas advindas da atividade física bem orientada (MARTIN et al 1996; KARPER e STASIK 2003).
Considerações Finais
Há razões para sermos otimistas quanto ao tratamento da Fibromialgia. A ciência garante que está cada vez mais perto do enigma ser desvendado. O maior problema enfrentado pelos Reumatologistas é que pouco se sabe sobre os mecanismos da dor crônica, pois ela não possui manifestações inflamatórias ou auto-imunes, o que dificulta o tratamento.
O caminho Holístico é a maneira mais eficiente na busca pela melhora da qualidade de vida desses indivíduos. A integração de diversas terapias, envolvendo diferentes áreas como a Educação Física, Psicologica, Psiquiatrica, Nutrição, Fisioterapia, Farmacologia e terapias alternativas, tem sido o principal meio para minimizar os sintomas.
Os pacientes devem ser cuidados de forma individual e sempre levar em consideração a interação mente e corpo.
Com relação ao sintoma principal, dor difusa, ela pode ser aliviada com analgésicos, porém esse tratamento tem se mostrado, em muitos casos, pouco eficientes assim como os antiinflamatórios. Os medicamentos neuropáticos também fazem parte dos farmacológicos, entretanto pouco se sabe, sendo necessário mais estudos. Quanto aos que afetam os receptores de serotonina e noradrenalina (antidepressivos), esses sim, parecem demonstrar efeitos mais consistentes na diminuição da dor, além de colaborarem com a melhora do sono (LAWRENCE e LEVENTHAL 1999).
A prática de exercícios se mostrou eficiente trazendo, além de todos os benefícios que já conhecemos, melhoras no sono e na dor difusa.
Referências
Muito boa sua postagem sobre a fibromialgia, mas no meu caso e no caso de outras pessoas que conheço que são portadoras de FM, a questão dos exercícios... Os médicos mandam fazer para melhorar qualidade de vida... e porque sentimos dor... Mas também sentimos dor, justamente pelo esforço (ainda que mínimo) quando fazemos... Lamentavelmente é um círculo vicioso. Eu faço os exercícios de baixa intensidade dentro da piscina (Hidroterapia) e também faço fisioterapia.
ResponderExcluirO resultado é voltar da hidro com dores e voltar da fisio com dores... e esse quadro se repete já ha algum tempo...
Acho que cada um deve fazer o que pode dentro das suas limitações... quando se acorda com dor, como fazer para ir fazer exercícios?
Só compreende realmente o que sente ou o que passa um portador da FM é outro portador da FM.
Não dá pra generalizar, porque cada caso é um caso.
Obrigada pela divulgação da Fibromialgia... é bom cada vez mais as pessoas terem contato com essa Síndrome, principalmente para entender o que se passa com as pessoas que são portadoras dessa doença fantasma...
Meu blog:http://luisa-fibromilagia-aamigainseparvel.blogspot.com/
Oi Luisa muito obrigado pelos elogios e tambem concorco com voce quando fala que e muito bom que o numero de pessoas que se importa em divulgar mais sobre essa sindrome aumente, pois muita gente ainda nem sabe como tratar ou ate mesmo saber de sua existecia! Boa Sorte ;)
ResponderExcluirBoa-noite!
ResponderExcluirExcelente a postagem sobre FM, muito bem escrita e fundamentada teoricamente.
Precisamos de mais textos como esse para tentarmos compreender melhor a FM e, além disso, tentar manter a qualidade de vida, mesmo com esse problema nos rondando diariamente.
Minha FM foi detectada há um ano; sei bem do que a Luisa está falando...
Ana Márcia
Oi Ana Marcia, obrigado pelas palavras. Eu tenho e ja tive alunos portadores de FM, sendo que depois de praticarem atividade física bem orientadaa passaram a ter uma vida normal sem maiores complicassoes.
ResponderExcluirO blog está disponivel para tirar todas as duvidas relacionadas a saúde, quando tiver qualquer tipo de pergunta não exite em faze-las ;)
Obrigado pelas informaçoes, mostrei para minha familia, pois tenho FM e antes era tido como preguiçoso, mas tinha dores e desanimo, a dois meses estou tratando com rivotril e amitriptina e caminhadas, meu sono e qualidade de vida melhorou. ,,Oliveira
ResponderExcluirQue bom Oliveira, fico muito alegre de ter contribuido para a resolução de seu problema. Se voce tiver qualquer outra duvida acerca do assunto e queira mostrar para sua familia tambem, estaremos a sua inteira disposição!
ResponderExcluirAtenciosamente,
Grupo Meu Personal