quinta-feira, 31 de março de 2011

Ginástica Artística e Rítmica x Crescimento: Mitos e Verdades



Ao analisar a literatura científica, não encontramos apoio nessa teoria. Para iniciar nosso debate, devemos lembrar (ou conversar com algum professor) das aulas de Ciências na 6ª série. Dentre vários assuntos, estudamos as teorias da evolução. Os dois autores que mais se destacaram foram Lamarck e Darwin, tentando explicar o tamanho do pescoço das girafas. O primeiro cita que as girafas se “esticavam” para alcançar os arbustos mais altos, ficando assim, com pescoços grandes. O segundo, com outra teoria, explicava que provavelmente existiam girafas com pescoços curtos e longos, e no processo de busca por alimentos que ficavam em arbustos altos, sobreviveram as que possuíam pescoços maiores.

Essa segunda teoria é a mais aceita e também deve ser analisada nos esportes. Uma questão para pensar: será que o basquete estimula o crescimento, ou jovens que possuem maiores estaturas terão melhor desempenho nesse esporte? Será que a GA atrapalha o crescimento, ou indivíduos com menores estaturas terão mais sucesso?

Através de uma pequena pesquisa no PUBMED (base de dados Estadunidense sobre Medicina, Nutrição e Educação Física), foram encontrados vários artigos sobre exercício e crescimento. Veremos alguns deles a seguir.

Em 1993, pesquisadores do Departamento de Pediatria do Hospital Universitário de Canton (Genebra - Suíça) verificaram que ginastas realmente tinham uma menor estatura e menores níveis de IGF-1 (hormônio relacionado ao crescimento), entretanto, segundo os autores, isso se deu por causa de uma baixa ingestão energética e excesso de treino (média de 22 horas semanais), não culpando a atividade em si (Theintz et al.,1993). Outro estudo, agora realizado na Universidade de Kent (Ohio - EUA), viu que jovens lutadores tinham menores níveis de IGF-1 e GH (hormônios relacionados ao crescimento), novamente causados por excesso de treino e dieta mal organizada (Roemmich et al.,1997).

Segundo Caine et al. (1997) treinos muito intensos podem afetar o crescimento, o que é facilmente corrigido com treinos racionais. O mesmo autor cita em outro estudo realizado em 2001 que, o fato das ginastas possuírem uma menor estatura, dá-se por múltiplos fatores como: genética, ingestão ineficiente de energia (má alimentação) e excesso de treino.

Em 2000, um estudo realizado no Departamento de Endocrinologia da Universidade de Melbourne (Austrália) mostrou que a baixa estatura de ginastas ocorre devido a uma seleção individual do esporte (Bass et al., 2000).

Mais recentemente, em 2004, o Departamento de Endocrinologia Pediátrica da Universidade de Anaka (Turquia), demonstrou durante um estudo que durou 4 anos, que a Ginástica Rítmica, apesar de um atraso na progressão da puberdade, não prejudicou o crescimento (Adiyaman et al., 2004).

Um grupo de pesquisadores gregos (Universidade Patras) publicou 3 estudosinteressantes sobre esse tema. O primeiro deles (Georgopoulos et al., 1999) envolveu 255 atletas de Ginástica Rítmica (GR) e mostrou que o estresse psicológico e o excesso de treino afetam de forma profunda o crescimento e desenvolvimento sexual. O segundo estudo (Georgopoulos et al., 2001) demonstrou que apesar de um atraso no desenvolvimento sexual, o qual foi compensado no final da puberdade, a pré-disposição para o crescimento não foi alterada, e surpreendentemente, até aumentada. O último estudo (Georgopoulos et al., 2004) chegou à seguinte conclusão: não foi documentado prejuízo algum no crescimento, em qualquer esporte que não possua uma limitação dietética. O treinamento físico intenso junto com um balanço energético negativo (dieta restrita) modifica o ajuste hormonal na puberdade, prolongando o estágio pré-pubere, atrasando assim, o desenvolvimento e a menarca em vários esportes.


Está claro que a Ginástica Artística/Rítmica não atrapalha o crescimento. A baixa estatura se dá por fatores genéticos (que incluem a pré-disposição para um esporte), baixa ingestão energética (dieta restrita), alta intensidade e treinos demasiadamente longos para as crianças, e não por um esporte em si. O ideal e legalmente recomendado é que as crianças pratiquem esportes com professores de Educação Física capacitados (graduados em Educação Física e registrados no respectivo Conselho Regional), junto com o acompanhamento do Pediatra, para análises hormonais/maturacionais, e de um Nutricionista, para que não ocorram desequilíbrios nutricionais.

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