As doenças vasculares periféricas (DVP) envolvem um grupo de doenças crônico degenerativas e síndromes que afetam os sistemas arteriais, venosos e linfáticos, como resultado de anormalidades funcionais e/ou estruturais. Caracterizando-se como um problema de circulação que provoca estreitamento, obstrução, ou ambos, dos vasos que conduzem o sangue ou a linfa para braços e pernas, prejudicando o fluxo normal. Desta forma, a troca de material entre o sangue e os tecidos, o fornecimento de nutrientes, a remoção de produtos do metabolismo, a defesa e o reparo de tecidos fica comprometida, refletindo na saúde e qualidade de vida das pessoas.
Pessoas acima dos cinqüenta anos, do sexo feminino e que apresentam histórico familiar de DVP, são mais suscetíveis ao aparecimento e desenvolvimento destas doenças. Estes fatores não são passíveis de mudança, sendo classificados como fatores de risco fixos.
Entretanto, a maior parte dos fatores de risco das DVPs, apresenta grande possibilidade de intervenção preventiva ou terapêutica. Notem, por exemplo, que os países industrializados e os em desenvolvimento são campeões em prevalência de DVP, demonstrando que o estilo de vida da maioria das pessoas por si só, já é potencialmente um fator de risco. Inclui-se nestes fatores chamados modificáveis: o tabagismo, o estresse, o sedentarismo, a hipertensão, a diabetes mal controlada, a obesidade e outras doenças cardiovasculares.
Mudanças nos hábitos de vida, entre eles a inclusão de um programa de atividade física de forma cotidiana e duradoura, podem reduzir todos os fatores de risco modificáveis, além de melhorar o estado de saúde geral e a qualidade de vida de pessoas portadoras de DVP.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas mais comuns das DVP são: câimbra, cansaço, dores, alteração da temperatura ou da cor da pele, feridas (lesões tróficas), surgimento de varizes ou veias dilatadas, edemas e tromboses. Entretando alguns portadores destas doenças são assintomáticos, o que torna a atenção dada ao tratamento e diagnóstico ainda mais necessário, uma vez que estas estão grandemente associadas a um aumento no risco de lesões, amputação de membros e morbidade.
Para se diagnosticar as DVP, são normalmente combinados dois ou mais procedimentos, como informações sobre histórico familiar e pessoal de saúde, índice de pressão sistólica tornozelo-braço (determinado pelo Doppler-ultra-som), medidas de desempenho físico e análise sanguínea do perfil lipídico e de glicemia.
Atividade física como forma de tratamento
Normalmente as DVP são tratadas com medicação, que visa melhorar o fluxo sanguíneo como, por exemplo, a aspirina e/ou cirurgia, que compromete a autonomia dos pacientes e eleva os custos com saúde pública, além de apresentarem sucesso de forma apenas temporária.
Por outro lado, os exercícios físicos atuam na prevenção e no tratamento das DVP, minimizando os sintomas da doença, e interferindo nos fatores de risco modificáveis, causando alterações morfológicas e funcionais positivas, além de praticamente não apresentarem custos. Os efeitos advindos da atividade física irão depender do tipo de atividade, sua duração e sua intensidade.
A intervenção dietética também deve ser considerada, uma vez que além de potencialmente influenciar em alguns fatores de risco modificáveis, a baixa ingestão de cobre, por exemplo, está associada ao mau funcionamento do sistema cardiovascular.
Exercícios aeróbios e de musculação, devem ser muito bem pensados e prescritos, principalmente em indivíduos sedentários, uma vez que seus reflexos na circulação sanguínea, levando em consideração a atividade, a intensidade, e a duração, podem ou não debilitar ainda mais um sistema já fragilizado. As recomendações quanto ao modo de progressão nos exercícios, não está claramente descrita, dependendo em grande parte da percepção individual de bem estar do indivíduo e da experiência do profissional que supervisiona os exercícios. Exercícios em meio líquido podem ser boas estratégias, sobretudo pela melhora do fluxo sanguíneo e possível redução de edemas .
Conclusão
Cada vez mais nos mostra a ciência que bons hábitos de vida – incluindo boa alimentação, atividade física regular, combate ao tabagismo e ao estresse – além de agirem como profilaxia para diversos males, serve de ótima estratégia para a melhora da saúde e da vida das pessoas.
Portadores de DVP podem se beneficiar tanto de exercícios aeróbios quanto de exercícios de força, que melhorem e estejam diretamente ligados as atividades de vida diária. Nunca é demais ressaltar que o treinamento físico deve melhorar o estado funcional do indivíduo, melhorando sua capacidade física para a vida, da forma mais abrangente possível, sem limitar seus interesses e reais necessidades.
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